30–60–90 dias em uma Startup
Minha trajetória movida por uma bateria AA: Aprendizados e Autoconhecimento.
Em fevereiro de 2021, eu fechei um ciclo de 3 anos em uma empresa multinacional para embarcar em uma startup de um segmento desafiador: o imobiliário.
O objetivo era claro: sair da minha zona de conforto e atuar em um segmento diferente de todos que já atuei. Pois mesmo com conhecimento básico em UX, UI e UX Writing eu via que na prática sabia pouco sobre essas áreas.
Na startup, eu estava ciente de que o ritmo seria frenético e as exigências todas pra ontem. Não foi diferente. Eu entrei e tudo estava mudando: a estratégia, o visual, a cultura. Foi assim que a minha trajetória de aprendizado e autoconhecimento começou.
30 dias: “Ao infinito e além!”: Product-Led Growth
Uma estratégia que eu desconhecia até então, mas que vem tomando conta de várias organizações. Resumidamente: “Product-Led Growth é uma estratégia de negócios que visa transformar o produto na principal fonte de geração de renda de uma empresa” isto é, foco total em experiência do usuário.
Essa é a metodologia que a empresa adotou assim que eu entrei e todas as mudanças em equipes e processos, giram em torno dela.
60 dias: Explorando o universo do Copywriting
No ano de 2020, identifiquei o meu fascínio com a escrita para UX e me declarei oficialmente uma aprendiz. Nesse meio, prometi que um dia eu estudaria as diferenças e a importância de cada parte desse universo: Technical Writing, Copy, Chatbot e muitas outras.
Em menos de 60 dias de startup, eu recebi o desafio de criar um copy para o lançamento de uma campanha estratégica.
O meu processo de trabalho raramente consiste em criar coisas do zero, sinto mais segurança quando entrego algo no qual tive tempo de estudar, pesquisar, testar e refazer. Diante disso, eu me vi confessando que não sabia trabalhar com copy, mas se eu buscasse conhecimento eu poderia criar algo. Foi o que eu fiz.
Esse contato com copywriting que até então nunca tivera, só reforçou o quanto eu me identifico com o processo da escrita. Foi o impulso necessário para continuar me aprofundando sobre esse tema.
Ah, rolou até criar um vídeo teaser com o copy:
90 dias: Eu, Product Designer?
Eu achava que Product Designer era só mais um nome diferente para UX ou Designer de Interação… Mas estava vivendo essa rotina e não sabia!
Por esses dias, vi a imagem abaixo no LinkedIn da Mariana Ayelen Leiva e fez muito sentido com o meu dia-a-dia e a forte necessidade de entender todas as regras de negócio do produto. Basicamente, uma maneira de distinguir as atuações é que Product Designer trata de uma evolução de UX/UI que foca também em pessoas e tem uma visão macro de todo o ciclo e o que impacta no produto.
Todos esses itens citados, contribuem para impulsionar a minha rotina como uma bateria AA:
A1: Aprendizados
Defender o conhecimento que você tem (e não tem) é um grande passo para o amadurecimento, afinal de contas, ninguém nasce sabendo fazer tudo.
Em uma startup, me vi diante de vários desafios e adquirir a capacidade de conversar e esclarecer as habilidades, é um ato de maturidade e empatia. Se for preciso um pouco mais de tempo, deixe isso claro. É um ganho de segurança e tranquilidade para executar as demandas e não prejudicar o time como um todo. Tudo no seu tempo :)
Além disso, a conversa é essencial. Não se prender somente à feedbacks e 1:1, aproveitar para expôr opiniões e sentimentos em todos os contatos que houver com o time ou a gestão direta. Afinal, estamos vivendo tempos difíceis e precisamos respeitar também o nosso processo.
E sobre criatividade? Em tempos de trabalho remoto, buscar aumentar o nosso repertório consumindo conteúdos diferentes do qual temos costume, é uma chave em potencial. Não estamos vendo com frequência o mundo lá fora, mas tem um universo a ser explorado por meio de outras formas além da tela do computador. Rabisque um papel, tire um tempo para si.
“Mesmo amando meu computador, acho que computadores roubaram o sentimento de que estamos verdadeiramente fazendo coisas. Ao invés disso, parece que estamos apenas batendo em teclas e clicando em botões de mouse.”
— Roube como um artista (Kleon, Austin)
A2: Autoconhecimento
Quando você acaba fazendo de tudo um pouco, isso te permite descobrir quais as atividades em que você se identifica ou se sente mais confortável executando. Este é um tesouro para o autoconhecimento profissional e pessoal: identificar na prática a sua vocação e apostar cada vez mais no que você gosta e em como isso pode contribuir para a organização.
A percepção do seu ritmo de trabalho é algo que também fica muito evidente à medida que você explora a sua autonomia para executar demandas. Isso te permite ditar os prazos necessários com mais clareza e conhecer as cerimônias e pesquisas necessárias para bons entregáveis.
Eu finalizo esse artigo com mais um trecho do livro Roube como um artista: “Tudo que precisa ser dito já foi dito. Mas já que ninguém estava ouvindo, é preciso dizer outra vez.” Por mais óbvio que algo seja, ele precisa ser dito.
Por isso, exponha sempre a sua visão das coisas. As pessoas esperam por ela, e ela vale ouro. :)